domingo, 20 de março de 2011

COR CORA CORAGEM CORALINA



Cora Coralina.

Durante a maior parte da vida, foi 'apenas' Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas, uma dona de casa, mãe de família e doceira de mão cheia. Como se tudo isso fosse pouco, tornou-se poetisa e contista, falando das coisas simples do dia a dia, revelando uma sabedoria ímpar sobre as coisas do mundo.

Imortalizou a pequenina Cidade de Goiás, nos seus versos que carregam o cheiro e o sabor do do interior de Goiás. Apesar de ter vivido por mais de quarenta anos no estado de São Paulo, escolheu registrar as memórias da terra natal e da infância na pequena cidade goiana.
Quando Ana Lins fez cinquenta anos de idade, disser ter passado por uma grande transformação interior, à qual  chamou de "perda do medo". Assim, deixou de ser Ana, passou a ser Cora. Coralina. De muitas cores. E então, dedicou-se com toda a alma à poesia e aos escritos, que jamais abandonara, apesar da vida de mãe e dona de casa.

Cora só publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade e encanta até hoje tantas pessoas com seus versos. Uma história para todos nós, um exemplo de vida, uma história que nos diz que a todo momento podemos fazer novas escolhas, trilhar novos caminhos, começar novos projetos, nos dedicarmos ao que nos dá prazer.

A casinha na qual Cora viveu a infância foi transformada em museu. Para quem já teve a oportunidade de conhecer, a experiência é única. Em cada canto, a riqueza da simplicidade. Em cada objeto, reconhecemos a poetisa dos becos de Goiás, a mulher simples e trabalhadora, a poetisa sensível.

Dá vontade de morar lá, da velha casa da ponte, de tomar um chá com a Cora que fica vendo a vida passar da janela na tarde quente da cidadezinha pacata plantada no meio das serras. Tomar água fresquinha na bica d'água que corre por baixo da casa.  É uma delícia. É lindo. É emocionante.




Para cada um, um pedacinho de Goiás, de Cora, da poesia e da doçura:



HUMILDADE

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”



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