segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CRIANÇAS SAPECAS

Desconheço o fotógrafo


Tenho visto muitas coisas no mundo e embora as pessoas insistam em se mostrar feias e perigosas, incoerentes e hipócritas, eu não acredito em nada disso.
Eu olho e só vejo crianças. Eu mesma sou uma criança. Embora as crianças gostem de se fantasiar de adultos, são apenas crianças.
Crianças que agem sem pensar, crianças que fazem pequenas maldades, crianças que mentem e escondem e que acreditam que a todos conseguiram enganar, e dão risadinhas sapecas escondidinhas.
Tenho visto pessoas escondidas atrás de seitas, religiões e afins, cometendo pequenos e grandes pecados, mas são só crianças.
Tenho visto pessoas pregando o bem, pregando e ensinando aos pobres mortais, enquanto por trás das câmeras são apenas crianças travessas.
Ainda que tudo possa parecer tão assustador e desanimador, são só crianças e eu acredito em um mundo de crianças, e desconfio que quando Jesus disse “Deixai vir a mim as criancinhas”, Ele também quis dizer que as crianças são seres em formação precisam de orientação e amor para se tornarem 'adultas' um dia.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

LA VITA È BELLA!

A vida sempre nos surpreende. E por mais assustador que possa parecer, algumas bênçãos vêm embrulhadas em papel bem pardo, em papel estampado de dor, sofrimento e perda. Mas não se engane, é só o papel,  o pacote. Por dentro, há um presente delicioso, não tenha medo de prová-lo.

Não consigo me decidir: será melhor ter vivido tudo ou ainda ter tudo por viver? Será que há prazo de validade para que as coisas boas aconteçam nas nossas vidas? Delícia é ter a certeza de que a resposta é não, não há prazo. A vida é cheia de possibilidades e bela.

Hoje assisti novamente A vida é bela, do Roberto Benigni. Que filme primoroso! Eu não entendo de Cinema, não conheço teorias, só sei o que me faz bem. Gosto de histórias interessantes e bem contadas, não necessariamente verossímeis. Gosto de me envolver, viver a vida da personagem. Assim, podemos viver tantas vidas, conhecer tantas pessoas e aprender tantas coisas!

Há um texto que li há muito tempo, sobre uma menininha curiosa, que aprendia sempre mais. Já não me lembro o nome do texto, nem da menininha. Mas, eu sou assim, vou aprendendo, cada vez mais.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

AMOR ALÉM DA VIDA


O filme Amor Além da Vida (When Dreams May Come) de 1998, com Robin Williams, é um filme fabuloso. Confesso que está entre os meus preferidos. Pode parecer coisa de mulherzinha, talvez até seja, mas vou me explicar.

Para quem não sabe do que se trata, permito-me copiar a sinopse disponibilizada no Interfilmes:



Chris Nielsen, Annie,sua esposa, e os filhos do casal fazem uma família feliz. Mas os jovens morrem em um acidente e o casal é bastante afetado, principalmente Annie. No entanto, eles superam a morte dos filhos e conseguem levar suas vidas adiante, mas quatro anos depois é a vez de Chris morrer em um acidente e ser mandado para o Paraíso. Mas não um Céu com arcanjos e harpas, pois lá cada um tem um universo particular e o dele é uma pintura (sua mulher coordenava uma galeria de arte). Enquanto tenta entender o Paraíso, onde tudo pode acontecer, bastando que apenas deseje realmente, Chris fica sabendo que Annie, dominada pela dor, comete suicídio. Assim, ele nunca poderá encontrá-la, pois os suicidas são mandados para outro lugar. Mesmo assim decide tentar achá-la, apesar de ser avisado que mesmo que a encontre, ela nunca o reconhecerá.
Todos nós devemos desejar um amor assim. Sem idealismos, no entanto. Não, não é impossível, nem incoerente. Explico-me.
Todos nós merecemos um amor que seja capaz de atravessar o inferno por nós. Mas não entenda o atravessar o inferno literalmente. Atravessar o inferno é muito mais simples do que pode parecer, porque o inferno está dentro de nós, cada um tem seu inferno pessoal.
Atravessar o inferno é  enfrentar as dificuldades por amor. É superar uma dificuldade pequena como passar algumas horas nos auxiliando nas compras no supermercado, mas é um inferno para quem não gosta disso.  É superar o medo do dentista,  não porque a saúde dos dentes é importante, mas porque nós insistimos para que a pessoas cuide dos dentes. 
Enfrentar o inferno, não significa realmente ter que morrer e ir resgatar o outro na casa do demônio. Significa enfrentar, todos os dias, o demônio interno: as dores, os medos, as incapacidades, as limitações. Porque o amor é grandioso, poderoso e ilimitado. Com amor, a dor se abranda, os medos dão lugar à coragem, as incapacidades e limitações revelam-se inexistentes. Porque o amor tudo pode, tudo suporta.
Eu pensava que atravessar o inferno por alguém, é fazer coisas que não faríamos por nós mesmos, e encontrar no amor e na pessoa amada o motivo para superar dificuldades, enfrentar dores, medos, limitações. É fazer por alguém, quando os outros motivos não conseguem ser mais significativos. Mas agora penso que atravessar o inferno por alguém é fazer o que faríamos por nós mesmos, e só então fazer o que nem por nós faríamos. E, a partir daí, não há limites.
Uma mulher é capaz dos maiores sacrifícios por amor. Nós renunciamos aos amigos e à família. Nós superamos traumas, dificuldades, limitações para dar ao outro, objeto do nosso amor, o conforto, o cuidado, o carinho, a compreensão, o consolo que acreditamos que ele merece. Isso é do instinto feminino. Mas nem só as mulheres são capazes, todos são. Porque o amor não vem no pacote feminino. O amor é instintivo no ser humano, mas nem por isso não precisa ser desenvolvido.
Se você já sabe atravessar o inferno pelo outro, agora precisa saber a hora de parar.
Sim, mesmo aquele que conseguiu enfrentar o inferno, precisa saber a hora de parar. Não porque há um limite para o poder do amor, mas porque trata-se de respeitar as escolhas do outro.  Enfrente o inferno por quem valoriza a sua travessia, por quem está aberto à renovação, à vida, à felicidade simples do dia a dia.
Muitas vezes, enfrentamos o inferno por quem prefere o inferno a nós. Se a escolha do outro é o inferno, o seu próprio e o nosso, temos que saber respeitar a escolha, mas não somos obrigados a fazer parte.
Cada ser é único e não é pelo amor que devemos renunciar ao que nós somos, à nossa vida plena, para viver juntos e infelizes no limbo. O amor só cresce, floresce, prospera e vigora em um ambiente bonito, limpo, claro e saudável. O inferno é para ser atravessado, mas não deve ser o lar de ninguém. Quando alguém escolhe viver no inferno, ao invés de atravessá-lo, não está escolhendo o amor. E por amor, mesmo que seja amor próprio, devemos renunciar ao inferno.
Compreenda,  seja capaz de ver e identificar isso. E siga para o paraíso, porque só merece o inferno quem por ele escolhe.


O PREÇO DA FELICIDADE

Afinal, a felicidade tem preço?

A felicidade tem o preço da renúncia. Todos nós alardeamos que queremos ser felizes, que estamos em busca da felicidade, mas nem sempre estamos dispostos a pagar o preço para ser feliz.

Não queremos pagar nenhum preço para ser feliz. Mas diariamente pagamos o preço da nossa infelicidade. E pagamos caro.

Vivemos uma vida de limitações, de maus tratos, de solidão, de infelicidade, de ingratidão. Sofremos, choramos, reclamamos e continuamos vivendo as mesmas coisas ilimitadamente. Dias, meses, anos a fio. Como diz uma conhecida " cheira mal, mas é quentinho". E assim vivemos, uma vida que cheira mal, mas à qual já nos acostumamos. Pagamos diariamente o alto preço da dor e da infelicidade. E não nos falta para pagar.

E a felicidade, que vemos de longe, e nos parece tão distante, na verdade custa bem menos que a infelicidade. Custa a renúncia à vida medíocre que assumimos, custa encarar a situação e assumir a dor inicial, para conquistar a libertação, nos libertar do mau cheiro da nossa vida mofada e sofrida.

Pagamos muito por um casamento fracassado ou uma relação que não evolui. Mas não queremos pagar o preço da libertação, da renovação, da possibilidade de encontrar uma relação melhor. Os exemplos seriam infinitos. Você é capaz de avaliar sua própria vida e encarar a realidade. Qual é o preço que você paga e qual é o preço que está disposto a pagar para ser feliz?

O VALOR DA ROSA

Quem nunca leu O Pequeno Príncipe?
"Foi o tempo  que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante."

Sempre achei fantástica essa colocação.

O tempo que dedicamos às pessoas é o que faz com que as pessoas sejam tão importantes para nós. Por isso, muitas vezes nos espantamos com a nossa própria história ao nos relacionarmos com pessoas improváveis. No começo tudo parece estranho, mas, com o tempo e a convivência, com a proximidade, as pessoas aprendem a gostar. E o tempo que se dedica à rosa é que a torna importante para aquela pssoa. Hoje, entendo que nem todas as rosas são tão belas, nem todas as rosas são perfumadas, mas simplesmente são rosas na vida de alguém.




Fotógrafo desconhecido


E eu vejo isso acontecendo na vida de todas as pessoas. Até porque não existem pessoas perfeitas, nem relacionamentos perfeitos. Todas as rosas tem espinhos e defeitos, algumas já estão despetaladas, outras parecem ter sido arrancadas do pé. Mas são rosas,  e são  ou serão a rosa perfeita de alguém.

Aprender a ver a realidade da rosa é fundamental, assim como é fundamental fazer da sua rosa, a sua ROSA.

Entender que idealizamos a nossa rosa, durante a relação, nos faz pessoas mais conscientes. E, na eventualidade de uma separação, essa consciência nos faz mais fortes, mais pareparados.

Aprender a ver a beleza da rosa no momento certo, e aprender a reconhecer os espinhos também no momento oportuno são ferramentas para o bem viver e bem relacionar-se.

A CERTEZA DO AMOR

É preciso sentir, na certeza do amor devotado, o amor recebido.


Fotógrafo desconhecido

Quem ama quer ser amado, na mesma medida, de preferência. É muito difícil para todas as pessoas lidar com a incerteza e com o desconhecido. E não importa qual seja o tipo de relacionamento, não falo aqui apenas do que acontece com um casal, falo de forma genérica.

Relacionamentos, quaisquer que sejam, são difíceis de manter por diversas razões. Personalidades, expectativas, desejos, perspectiva, disposição, carências...enfim, tudo influencia na manutenção dos relacionamentos. Estive pensando sobre o quanto todos nós desejamos nos sentir seguros e certos da afeição dos outros. A certeza do amor e da afeição de quem quer que seja, pais, amigos ou companheiros, nos abre o peito, nos dá a segurança para caminhar pela vida.  Uma vez alguém me disse que os relacionamentos ideais devem ser como um sofá confortável, que nos recebe e nos acolhe e de onde não desejamos sair.

Sempre pensei que a incerteza nos impele a desejar ser melhores, mais interessantes, mais dedicados ao objeto amado. Queremos dar amor, fazer o bem, criar coisas positivas, alimentar a relação com pequenos 'presentes' diários de cuidado e carinho. Por outro lado, a incerteza alimenta a insegurança, que por sua vez, nos leva por caminhos espinhosos e, não raro, nos traz dissabores.

Acredito que no fim das contas, noves fora, é preciso ter bom senso como em tudo na vida. Na verdade, vou além: está aí um mistério que poucos dominam - é preciso dar a certeza até o ponto de não permitir ao outro se acomodar na certeza de ser amado. Afinal, todos nós somos humanos e nos comportamos de forma muito parecida quase sempre.


O ZOOLÓGICO DE VARSÓVIA

Estou lendo esse livro. Ainda no começo, há essa história que achei magnífica. Transcrevo aqui para não mais esquecer:


"(...)Meu avô, que morava em uma pequena fazenda, partilhou comigo histórias populares transmitidas ao longo de gerações.
Uma delas fala de um vilarejo com um pequeno circo cujo leão morrera subitamente. O diretor do circo perguntou a um judeu idoso e pobre se ele se disporia a fingir que era o leão, e o homem concordou, porque precisava do dinheiro. O diretor lhe disse: "Você só tem que usar a pele do leão e ficar sentado na jaula, e as pessoas acreditarão que você é um leão." E assim fez o homem, resmungando com seus botões: "Que empregos estranhos já tive em minha vida!" Nesse momento, seus pensamentos foram interrompidos por um ruído. Ele se virou bem a tempo de ver outro leão entrar em sua jaula e fitá-lo com exprssão faminta. Trêmulo, amedrontado e sem saber como se salver, o homem fez a única coisa em que conseguiu pensar - entoou vociferantemente uma oração em hebraico. Mal havia anunciado as primeiras palavras desesperadas, Shema Yisroel (Ouve, ó Israel), quando o outro leão se juntou a ele, dizendo adonai elohenu (o Senhor nosso Deus), e os dois falsos leões concluíram juntos a oração. Eu não podia imaginar quão estranhamente relevante seria essa história popular para o presente relato histórico."

(O Zoológico de Varsóvia, Diane Ackerman, Editora Nova Fronteira)

Sinopse do livro:

"Jan e Antonina Zabinski eram os encarregados cristãos do Jardim Zoológico de Varsóvia, os quais, horrorizados com o racismo de Hitler, aproveitaram a obsessão dos nazistas por animais raros para salvar mais de trezentas pessoas condenadas.

A história deles desapareceu por entre as frestas da 'grande' História, como às vezes acontece com os atos de compaixão radical. Mas, na Polônia dos tempos de guerra, quando até entregar um copo d'água a um judeu sedento era punível com a morte, o heroísmo dos dois se destaca de forma ainda mais espantosa."









OS CISNES



A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne! 
                                                          Júlio Mário Salusse


E se eu tivesse que escolher um poema, certamente seria esse. A história de Salusse é muito legal. Quanto mais as pessoas buscam os holofotes, mais valor  tem o que está oculto.

Deixo aqui um pequeno trecho e, quem se interessar, leia a história toda no link abaixo:


Qual a moral que podemos tirar da vida e da obra de Salusse?
Num mundo onde as pessoas ficam indignadas com a simples não citação de seus nomes em todas as solenidades públicas em que compareçam; num mundo onde as pessoas se revoltam se não falam em todas as reuniões onde metam sua cara; num mundo onde há pessoas useiras e vezeiras em quebrarem com todo o qualquer cerimonial em troca de alguns minutos de fama, a vida e abra de Júlio Salusse mostram que a imortalidade e generosa com alguns e implacável com muitos.
Arredio à publicidade. Bastou-lhe apenas um soneto, um pequeno punhado de 14 versos, para conferir-lhe o galardão da eternidade.



http://versoeprosa.ning.com/profiles/blogs/julio-salusse-e-os-misterios


BRIDGE OVER TROUBLED WATER

Espaço para guardar coisas que eu gosto e compartilhar com quem, por ventura, passar por aqui.

Poucas pessoas que me conhecem sabem que se eu tivesse que escolher uma música, entre todas as músicas que eu adoro, esta seria minha escolha. Ouço há muitos anos, eu ainda era criança. Lembro-me que a minha mãe tinha uma fita cassete do Elvis e, entre muitas músicas, estava essa. Eu não sabia nada de Inglês na época, mas eu ouvia a fita, e me apaixonei pela música, pela melodia, pela energia, pelo coral. Sentia algo na alma. Infelizmente não encontrei um video com a exata gravação que eu ouvia, uma pena.

Muitos anos depois é que vim a conhecer a letra, a tradução. Consequentemente, passei a gostar ainda mais. De alguma forma, o significado já era o que eu sentia quando ouvia. Uma vez ouvi em um encontro do Centro, em Brasília. Comentei com um colega que adorava a música e ele comentou que a letra era do Paul Simon, fato que eu desconhecia. Trabalho primoroso. Curiosa como eu sou, fui pesquisar mais. Eu não sou a única a gostar. A música recebeu  cinco GRAMMYs: Record of the Year - (melhor faixa) ao artista, produtor, por um único projeto (uma canção); Song of the Year - (melhor canção) ; Best Arrangement - (melhor arranjo); Best Engineered Recording-Non Classical - (melhor engenharia de som na gravação-música não clássica); Best Comtemporary Song - (melhor canção contemporânea).


Já ouvi a música com vários intérpretes diferentes além do Elvis: Simon & Garfunkel, Michael W. Smith, com o próprio Paul Simon, Aretha Franklin, Eva Cassidy...todas magníficas, recomendo todas. Mas, particularmente, com o Elvis é uma história de vida.