sábado, 26 de fevereiro de 2011

OS CISNES



A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne! 
                                                          Júlio Mário Salusse


E se eu tivesse que escolher um poema, certamente seria esse. A história de Salusse é muito legal. Quanto mais as pessoas buscam os holofotes, mais valor  tem o que está oculto.

Deixo aqui um pequeno trecho e, quem se interessar, leia a história toda no link abaixo:


Qual a moral que podemos tirar da vida e da obra de Salusse?
Num mundo onde as pessoas ficam indignadas com a simples não citação de seus nomes em todas as solenidades públicas em que compareçam; num mundo onde as pessoas se revoltam se não falam em todas as reuniões onde metam sua cara; num mundo onde há pessoas useiras e vezeiras em quebrarem com todo o qualquer cerimonial em troca de alguns minutos de fama, a vida e abra de Júlio Salusse mostram que a imortalidade e generosa com alguns e implacável com muitos.
Arredio à publicidade. Bastou-lhe apenas um soneto, um pequeno punhado de 14 versos, para conferir-lhe o galardão da eternidade.



http://versoeprosa.ning.com/profiles/blogs/julio-salusse-e-os-misterios


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